O Terramoto de 1755 não causou vítimas na nossa freguesia. No entanto, o pânico foi enorme. Do relatório elaborado pelo prior da altura – Dr. Manuel Gonçalves Martins - transcrevemos os seguintes passos:

“Entrou com um sussurro medonho, ou gemido subterrâneo, e logo imediatamente começou a tremer, e a mover-se a terra com tal violência, que uns caíam, outros desamparavam as casas, sendo a confusão e o pavor universal, por entenderem [que] se acabava o mundo. Duraria este tremor 5 para 6 minutos e no tempo dele e ainda depois, se observou estar o dia opaco e triste e o sol sem a claridade e vigor acostumados.

O movimento da terra parecia ter jacto igual e ondulava do Norte para o Sul, de sorte que um impulso abatia e levantava outro e esta igualdade de movimento me parecia haver no terreno, ainda que algumas pessoas afirmassem que fazia maior inclinação para o sul, porque aqueles que caíam, por modo que enjoados do balanço, sempre era para aquela parte.”

E mais à frente:

“Os meus fregueses nunca ouviram falar de terramotos de outros séculos de que faz menção a História Portuguesa, e tinham tão pouco conhecimento destes movimentos centrais, que cuidavam estava perto o Juízo Universal, porque nunca tinham experimentado tão estranha novidade”.